"A digitalização desobjetifica o mundo ao torná-lo informação. Está também a abolir memórias. Em vez de perseguir memórias, armazenamos grandes quantidades de dados. (...) Não vivemos num reino de violência, mas num reino de informação mascarada como liberdade.” ⎯ Byung Chul Han
Hard to be a God é uma peça baseada no romance distópico Island of Lost Memory, da autora japonesa Yoko Ogawa, que serve de inspiração para uma tradução físico-sensual autónoma, livre de restrições narrativas clássicas. Nesta obra, uma ditadura anónima tem coisas e memórias banidas pela denominada polícia da memória. Aqueles que as perseguem são presos, deportados ou mortos. Até que tudo se dissolva ⎯ paisagens, posses, corpos ⎯ primeiro em partes, depois na sua totalidade.
Hard to be a God centra-se no complexo temático do desaparecimento/esquecimento e entende o romance de Ogawa como uma analogia do nosso presente, onde inúmeros dados são armazenados e encarnam no nosso mundo em bits e byts, o que acabará por nos fazer esquecer o passado e a nossa fisicalidade.