A partir de um corpo a vários tempos e tendo como base os movimentos do Kuduro, Gio Lourenço constrói um itinerário biográfico onde o corpo se torna uma alegoria da memória. O Kuduro surge nos anos 90, em Luanda, no contexto de uma guerra civil. Os códigos específicos deste estilo de música / dança chegavam a Portugal através do corpo e das K7s dos que transitavam entre estes dois países. É na adolescência, no final dos anos 90 e já a viver em Portugal, que Gio Lourenço entra em contacto com este universo e se torna kudurista, descobrindo um corpo partido – o seu – onde a memória se reinventa no gesto. Boca Fala Tropa propõe um território artístico deslocado de uma geografia concreta – o trânsito entre Angola e Portugal – partindo dos passos e dos códigos do Kuduro para cruzar elementos da memória individual, e as suas inevitáveis ficções, com elementos da memória coletiva.
Ficha Artística / Técnica
Direcção Artística
Gio Lourenço
Texto
Cátia Terrinca, Gio Lourenço
Dramaturgia
Cátia Terrinca
Apoio à criação
Neusa Trovoada, Sofia Berberan
Performers
Gio Lourenço, Xullaji, Vânia Doutel Vaz (em vídeo)
Vídeoartista
Michelle Eistrup
Sound designer
Xullaji
Desenho de Luz
Manuel Abrantes
Apoio ao movimento
Vânia Doutel Vaz, Fogo de Deus
Acompanhamento em Corpo
Sofia Neuparth
Cenografia e Figurinos
Neusa Trovoada
Figurinista do vídeo
Magda Buczek
Guarda-roupa do vídeo
Ulla Jensen
Fotografia
Sofia Berberan
Produção Executiva
Paulo Lage
Produção
Medusa Material
Apoios
Bolsa de Criação O Espaço do Tempo e BPI – Fundação La Caixa, Alkantara, c.e.m.-centro em movimento, Casa dos Direitos Sociais, Fonden FABRIKKEN for Kunst og Design, Companhia Olga Roriz e Fundação GDA.
Gio Lourenço nasceu em Angola em 1987. É ator residente do Teatro GRIOT e trabalhou, entre outros, com os encenadores Zia Soares, Rogério de Carvalho, Nuno M Cardoso, Guilherme Mendonça, Bruno Bravo, António Pires e João Fiadeiro. Tirou o Curso de Teatro e Animação da CERCICA e frequentou o CEM através duma bolsa do Centro Nacional de Cultura. A sua criação “Preta” foi selecionada para se apresentar no Pavilhão da Holanda na 17ª Bienal de Arquitetura de Veneza, reagendada para 2021. Ainda no âmbito da mesma Bienal desenvolveu, para o catálogo do Pavilhão da Holanda, o projeto “Memória Botânica”, em parceria com a fotógrafa Sofia Berberan.