Numa temporalidade suspensa, ouvem-se dois corpos em permuta. Gota a gota, o gesto das suas corporeidades dissidentes ecoa no espaço – ressonâncias de um diálogo do dar e do receber. A cada exalar, a tensão do transpirar. A cada pulsar, o suavizar da contenção.
A performance O Permuto nasce das interlocuções poéticas entre Ângelo Custódio e Daniel Moraes. Os artistas investigam o incorporamento que intersecta o déficit, a falha e o desvio. Ao entrelaçar as linhas disciplinares da voz, do desenho e do desporto, transbordam experiências da (d)eficiência. As suas vivências revelam rastros subjetivos que questionam orientações retilíneas e lineares.
O Permuto traz um ambiente íntimo e estranhamente familiar onde o gesto e a voz têm uma dialética diagonal própria. O visitante é submerso numa dramaturgia de sintonização e convidado a estar à deriva durante a performance.