Quando se volta aonde se foi feliz encontra-se o eco das vozes como fantasmas.
Quase duas décadas depois de ter sido obrigado a abandonar o espaço do Armazém do Hospital Miguel Bombarda, o Teatro Praga é convidado pelo Teatro Nacional D. Maria II a reocupá-lo temporariamente para um espetáculo, no âmbito das comemorações dos 30 anos da companhia. Contudo, os tempos são outros, as intervenções sobre o edifício e a cidade alteraram o contexto e a arquitetura. Da mesma forma, o Teatro Praga já não é o Teatro Praga. Este regresso sem retorno é o mote para o seu novo espetáculo: Audição.
Nesta criação, o Teatro Praga faz-se ouvir pelo que foi e pelo que é: um coletivo simultaneamente dentro e fora de uma ideia de teatro, procurando uma relação de resistência específica com os lugares, os corpos e as disciplinas. O Teatro Praga entrará sempre no espetáculo errado e Audição é por isso um casting onde só pode haver engano, porque o que se procura não existe. Sem limite de idade, exigências físicas ou profissão, esta audição tem tudo para correr mal, uma vez que é isso mesmo que se quer. É no desencontro entre a expectativa e o presente, entre passado e futuro que se constrói esta Audição.