A pesquisa desta nova obra gira em torno de vários eixos: Miniaturas (uma perspetiva de escala), Carpideira (um lamento fúnebre profissional), Sinfonias (uma forma musical) e música árabe, Contos (uma forma estrutural, mais especificamente aqui "As Mil e Uma Noites", uma coleção de contos populares do Médio Oriente compilados em língua árabe durante a Idade de Ouro Islâmica) e Orientalismo de Edward Said. Freitas e colaboradores irão desenvolver uma nova produção que será apresentada no lendário teatro ao ar livre Cour d'Honneur no próximo Festival de Avignon em 2025, e que posteriormente será exibida em grandes palcos e festivais europeus. Antecipando o seu período de pesquisa, Marlene partilha algumas reflexões sobre o teatro Cour d’Honneur:
"O Cour d’Honneur em Avignon é uma peça imponente de arquitetura. De um lado, um muro de pessoas, do outro, um muro de pedra, como 'entre a espada e a parede', o palco. Neste espaço fechado, um espetáculo em miniatura, moldado para caber em grandes espaços. Tem a forma de uma fábula, resultado da acumulação de várias histórias curtas, talvez 1001, no total: contos-arma narrados pela sobrevivência do narrador, num duelo entre imagens e um coração endurecido e petrificado; contos-lamento contados para celebrar os ausentes. Nesta arquitetura de pedra sobre pedra e pessoas sobre pessoas, um espelho imaginário. Artefato de multiplicação, projeção, alienação e encantamento que, noite após noite, transforma o espaço cénico numa cebola. De camada em camada, envolto em odores e salpicos invisíveis, oferece-se à espada e choca deliberadamente contra a parede. Rebelião ou conformismo, quem sabe?" (Marlene Monteiro Freitas, 17 de janeiro de 2024).