Em Cadências crioulas, dez mil vezes desdobradas, Malvin Puerca de Goma e Inés Sybille Vooduness deslizam em interrogações contaminadas pelos gémeos Marassa da iconografia em movimento do vudu. Num gesto de fuga subterrânea e simultaneamente leve, os bailarinos trabalham num imaginário-forgeron, uma poética metálica, espiralada, pegajosa, divertida e perigosa. Como uma rede de conexão diaspórica, o Kuduro de Angola, o Dancehall da Jamaica e o Dembow dominicano permitem-lhes flertar ironicamente com cornos, pistolas e lamentos. Através do sincretismo desta confusão de códigos em que Malvin e Inés mobilizam e produzem memória, esta união reterritorializa uma espiritualidade erótica, protetora e estratégica.
Ficha Artística / Técnica
Direção Artística
Inés Sybille Vooduness
Criação e performance
Inés Sybille Vooduness, Malvin Montero
Acompanhamento em movimento, gesto e canto afrocaribenho
Sheila Ramirez
Cenografia e figurino
Neusa Trovoada
Sonoplastia
Nelsoniq
Desenho de vídeo
Heidi Ramírez
Dramaturgia
Sarah Lewis-Cappellari
Desenho de Iluminação
matéria leve
Criação e direção técnica
Bee Barros e Gabriela Claveria
Acompanhamento e Mentoria
Leticia Skrycky
Produção
Alkantara ⎯ Lysandra Domingues
Coprodução
Alkantara, Théâtre National Wallonie-Bruxelles e MC93, no contexto de Common Stories, um programa da Europa Criativa financiado pela União Europeia
Bolsa de Criação O Espaço do Tempo, com o apoio do BPI e da Fundação ”la Caixa”
Apoio à residência
Moussem Nomadic Arts Centre (Bruxelas)
Inés Sybille Vooduness é bailarina, investigadora cultural e professora. Nascida em Barcelona, filha de mãe catalã e pai haitiano, reside atualmente em Lisboa. Inés Sybille cria encontros fictícios com as divindades do Vodou haitiano através do seu campo coreográfico: Kuduro de Angola, Coupé Décalé da Costa do Marfim e Dancehall da Jamaica. Molda este material filosófico e explora a possibilidade de gerar uma consciência existencial ao reterritorializar esses códigos. Em 2023, Inés foi selecionada como artista residente na La Casa Encendida com a sua performance Santa de sustrato autónomo.
Nascido em Santo Domingo, República Dominicana (Los Mina), Malvin Montero começou a sua carreira de dança em 2003 no Conservatório de Dança Alina Abreu. Formou-se na Escola Nacional de Dança das Belas Artes (Endanza) e na Pro Danza (Havana). Tem formação em coreografia e performance de dança pela Universidade Rey Juan Carlos (ISDAl) em Madrid, Espanha. Como criador, bailarino e diretor, tem uma trajetória profissional extensa que abrange a dança clássica académica, dança contemporânea, improvisação e improvisação livre, treinado sob a direção da compositora Chefa Alonso. Um dos elementos essenciais do seu trabalho criativo é explorar a corporeidade diaspórica e os seus imaginários. No seu trabalho poético, Malvin Montero Puerca de Goma foca-se nos movimentos, fala e práticas quotidianas dos povos caribenhos, especificamente da diáspora caribenha que vive na Península Ibérica.