Gaya de Medeiros empenha-se na sua militância dos afetos para investigar neste novo projeto formas de esperança ou o esforço de “esperançar”. A partir do ambiente proposto no emblemático espetáculo Café Müller (1978), de Pina Bausch, que curiosamente se dançou pela última vez em Lisboa, e daquelas personagens que apresentam uma relação muito frágil com a vida, a coreógrafa e bailarina brasileira Gaya de Medeiros tece uma reflexão multigeracional sobre a depressão, o envelhecimento e o futuro. Ao revisitar o clássico de Bausch, Gaya explora o paradoxo expressivo da dança enquanto ferramenta de comunicação e força misteriosa, opaca. Assim, ao percorrer aquele universo mórbido, angustiante e, por vezes, convulsivo, a performer convida o público a mergulhar nas suas pulsões de vida e morte, e a dessacralizar o ato de estar vivo – menos um dever do que uma escolha.
Ficha Artística / Técnica
Criação e direção artística
Gaya de Medeiros
Co-criação e interpretação
Gaya de Medeiros, Helena Baronet, Jo Bernardo, Lívia Espírito Santo e Paulina Santos
Apoio dramatúrgico
Ana Rocha
Composição musical
Ricardo Almeida
Músicos
Inês Almeida, Bruno Barbosa e Ricardo Almeida
Desenho de luz e espaço cénico
Tiago Cadete
Figurinista
Raphael Fraga
Gestão
Gustavo Monteiro / Sekoia – Artes Performativas
Produção
Luísa Teixeira / Sekoia – Artes Performativas
Comissão e co-produção
BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas
Co-produção
Sekoia – Artes Performativas

Gaya de Medeiros é bailarina, diretora e produtora. Já trabalhou com diversos coreógrafos e já criou três trabalhos a solo. Fundou a BRABA.plataforma a fim de viabilizar ações criativas direcionadas e protagonizadas por pessoas trans/não bináries. Interessada na pesquisa dos cruzamentos entre a palavra e o corpo, o privado e o público, o íntimo e o social, Gaya questiona-se sobre o lugar do drama na contemporaneidade.