Oito pessoas fazem uma grande viagem a pé. Não sabemos de onde vieram nem para onde vão. Viajam para fugir de uma catástrofe anunciada. Nesse caminhar resiliente, teimoso e circular, abrem espaço para a imaginação e para o encantamento, como um circo decadente com artistas melancólicos mas plenos de esperança. E cantam.
Cantam para espantar os males, para aliviar. Cantam porque as cigarras cantam. Cantam como Gal Costa no álbum Cantar, lançado em 1974, no auge da ditadura militar no Brasil. Um cantar que é um grito de liberdade, em tempos de guerras, intolerância religiosa e violências, onde sociedades e os seus Estados ensaiam o retorno a políticas autoritárias, de silenciamentos e mortes. Cantam como forma de resistência. Cantam ainda que o circo fique sem lona, que o mar invada as cidades, que a humanidade desaprenda a amar.
Segundo a mitologia grega, na estrela Tau Ceti (na constelação da baleia), a 12 anos-luz da Terra, existe um remédio milagroso capaz de curar os humanos da tristeza. Talvez seja para lá que estão a ir.