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Da traça para a chama? Será sofrimento ou amor? Um casulo que nos aprisiona, ou um casulo para nossa proteção?

Na língua Paiwan, a palavra Uqaljai significa homem/masculino. Nascido e criado na comunidade tribal Timur, em Pingtung, Baru Madiljin tem investigado, desde o início da sua carreira enquanto coreógrafo e bailarino, a consciencialização e conflito cultural da identidade de género nas comunidades indígenas contemporâneas. As duas semanas n'O Espaço do Tempo coincidiram com a primeira residência artística de Baru, bem como a sua primeira visita a Portugal.

Durante a sua estadia em Montemor-o-Novo, Baru mergulha num ambiente desconhecido onde a língua local é também desconhecida. Ao mesmo tempo que procura encontrar uma ligação entre o corpo e a flauta nasal Paiwan, algo que também lhe é estranho, vai ouvir atentamente a forma como o corpo e o som estão interligados. A flauta nasal que faz parte da sua pesquisa é um instrumento musical Paiwan tradicional. No contexto da composição musical Paiwan, o som desta flauta pode ser interpretado como um papel masculino ou feminino. Baru estende esta interpretação como uma metáfora onde a identidade feminina e masculina podem estar presentes ao mesmo tempo num corpo. 

No final desta residência artística, Baru sente que O Espaço do Tempo é um lugar seguro e o local certo para partilhar a sua pesquisa sobre a complexidade daquilo que é a realidade da comunidade indígena LGBTQI+, aproveitando para apresentar uma curta-metragem, 《Uqaljai • 蛾 • Moth》, na sala de estar do apartamento onde ficou em residência, um lugar íntimo e aconchegante que permite o diálogo e a compreensão da identidade contemporânea indígena na comunidade Paiwan. 

Ficha Artística / Técnica

Conceito, coreografia e direção filme
Baru Madiljin

Assessor para a comunidade indígena LGBTQI+
Remaljiz mavaliv

Performers
Ljavuras livanlaus, Teluz Tjucenglav

Realização Filme
Remaljiz mavaliv

Edição Filme
Anuwai Hamawaki

Música
‘The Crumbling · Valgeir Sigurðsson’

Flauta Nasal
Ljaucu Tapurakac

Olhar Externo
Ljuzem Madiljin

Dramaturgia, Produção
Gwen Hsin-Yi Chang

Videografia
Larissa Lewandoski

Fotografia
Carolina Lecoq

Operação Técnica
O Espaço do Tempo

Coprodução em Residência
O Espaço do Tempo

Special thanks
Cavalo de Pau Decoração, Luísa Serôdio

Coreógrafo e diretor de dança no Tjimur Dance Theatre. 

Baru faz parte da comunidade Paiwan de Timur em Sandimen Township, Pingtung. Licenciado pela Taipei National University of the Arts School of Dance, mudou-se para a cidade durante 12 anos. Em 2009, regressou a Timur e começou a trabalhar com a irmã, Ljuzem, aprendendo sobre a sua cultura tradicional e partilhando arte. Assumiu também o lugar de diretor de dança do Tjimur Dance Theatre, sendo também uma das suas grandes forças criativas. 

Nos últimos 14 anos em Timur, Baru tem tentado encontrar o equilíbrio entre aquilo que aprendeu sobre dança contemporânea e a sua cultura. Está agora a aprender a escutar melhor a comunidade idosa, a sua linguagem e música. 

Com experiência em reestruturar formatos de dança e com bastante imaginação no que diz respeito à estética musical, integra e manuseia a arte de uma forma vital e criativa. É também perito em interpretar diferentes perspetivas e camadas ricas e diversas de arte indígena. 

Baru Madiljin (Tjimur Dance Theatre)

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