Da traça para a chama? Será sofrimento ou amor? Um casulo que nos aprisiona, ou um casulo para nossa proteção?
Na língua Paiwan, a palavra Uqaljai significa homem/masculino. Nascido e criado na comunidade tribal Timur, em Pingtung, Baru Madiljin tem investigado, desde o início da sua carreira enquanto coreógrafo e bailarino, a consciencialização e conflito cultural da identidade de género nas comunidades indígenas contemporâneas. As duas semanas n'O Espaço do Tempo coincidiram com a primeira residência artística de Baru, bem como a sua primeira visita a Portugal.
Durante a sua estadia em Montemor-o-Novo, Baru mergulha num ambiente desconhecido onde a língua local é também desconhecida. Ao mesmo tempo que procura encontrar uma ligação entre o corpo e a flauta nasal Paiwan, algo que também lhe é estranho, vai ouvir atentamente a forma como o corpo e o som estão interligados. A flauta nasal que faz parte da sua pesquisa é um instrumento musical Paiwan tradicional. No contexto da composição musical Paiwan, o som desta flauta pode ser interpretado como um papel masculino ou feminino. Baru estende esta interpretação como uma metáfora onde a identidade feminina e masculina podem estar presentes ao mesmo tempo num corpo.
No final desta residência artística, Baru sente que O Espaço do Tempo é um lugar seguro e o local certo para partilhar a sua pesquisa sobre a complexidade daquilo que é a realidade da comunidade indígena LGBTQI+, aproveitando para apresentar uma curta-metragem, 《Uqaljai • 蛾 • Moth》, na sala de estar do apartamento onde ficou em residência, um lugar íntimo e aconchegante que permite o diálogo e a compreensão da identidade contemporânea indígena na comunidade Paiwan.