Seguindo o (meu) interesse em continuar a abordar em arte o único tema que à arte deverá interessar, isto é, a arte, anuncio aqui o projeto duracional de natureza curatorial que vai ocupar os próximos três anos da minha prática (do) impraticável. Todas as obras performativas que escrevi/inscrevi/desinvesti desde 1999, em particular as suas operações conceptuais, formalizações para-artísticas e demais ramificações documentais, serão transferidas para outres artistas, em regime de doação incondicional e irreversível. Com elas, e não a partir delas ou sobre elas, os novos portadores farão o que quiserem.
O programa desenvolve, em desvio, o material implodido em Retrospectiva (2023-26), coincidindo com uma análise crítica e pós-disciplinar do meu percurso artístico, mas arriscando a reinvenção da sua história e, ao confrontar-se com um dogma demissionário, também a previsão da sua sustentação futura. Convocando o desdobramento infinito de ontologias a partir da análise de uma antologia, Transmissão (2026-28) configura um desmantelamento, por intensificação, de agências, autorias e devires, mas sem promessas de recomeço ou reparação. Um espólio que sobrevive à sua deterioração. Se fosse (mesmo) sobre Rogério Nuno Costa, chamar-se-ia Apostasia (2028-).