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“A Roda” é uma versão gigantificada do moinho de tricô ou moinho de tecelagem ou tear detricô redondo: objeto muitas vezes feito à mão, com um carrinho de linha de madeira e preguinhos, por exemplo, utilizado para fazer cordões tubulares de tricô. Em tempos, o moinho de tricô fazia parte da maioria das casas, como tantos outros acessórios para manufactura têxtil que, a partir da industrialização, começaram a desaparecer.

Os têxteis continuam a ser essenciais no nosso dia-a-dia - as roupas que vestimos, os lençóis, as mantas, as colchas e o colchão onde dormimos, o tapete, a toalha de mesa onde  comemos, e a toalha de banho onde nos enxugamos, até os estofos do carro, e tendas, e sombras - mas a grande maioria já não são feitos à mão. A Mão que faz a ferramenta e que planta a planta de onde obtém a fibra para fazer o fio, que com a ferramenta faz o tecido, onde borda em cima, que depois costura para um objeto ser. Mão que das ovelhas cuida, e depois tosquia, e a lã trabalha, para com as ferramentas, em tricô fazer, talvez umas meias para os pés aquecer. Mãos que também remendam e reutilizam/reciclam, que honram o processo/a economia/o encontro circular - como a “Roda”.

Sentamo-nos à Roda como as nossas avós, bisavós, trisavós, tetravós, tataravós, presentes, juntas, tipicamente em praças, unidas por uma ação têxtil, em meditação ativa, mãos em constante criação, histórias partilhadas, tradições passadas. Propomos um resgate à mão, mãos em coletivo, tornamo-nos um organismo vivo, tecemos a linha da vida, a teia de Arachne, conectamos, conversamos, criamos juntes, nós, constelações. Da matéria que através de todes nós é gerada, infinitas possibilidades de criação/interação/brincar: vestimentas, túneis, fio para crochê gigante...

23 agosto, 16h00 - 19h00

Jardim dos Cavalinhos ver mapa

A entrada é livre, mas gostamos sempre de saber se contamos com a tua presença. Diz-nos se podemos contar contigo para [+351] 913 699 891 ou info[a]oespacodotempo.pt.

JANIS DELLARTE estudou Belas Artes em Madrid, fez um Art & Design Foundation na Chelsea College, Londres, uma Licenciatura em Textiles and Surface Design na Bucks New Uni, um curso de Joalharia Experimental na CSM e um Mestrado em Knitted Textiles (tricô) na RCA. No verão de 2013, viajou pelas vilas de Portugal a aprender técnicas tradicionais de têxteis em vias de extinção, o (quase perdido) feito a mão. Viajou de Portugal para o Nepal, Índia, Peru, México e Brasil, incorporando todas as técnicas aprendidas, as histórias partilhadas e a cor no seu trabalho. Colabora com designers, músicos, bailarines e performers, carpinteires, serralheires e poetas. Também faz parte de iniciativas artivistas como a Linha Vermelha e o Zero Waste Lab. Co-cria performance, figurino, cenografia, projetos entre a ecologia, educação e a arte em vários festivais (Boom, Freedom, ZNA, O Pequeno Buda). Dá workshops em crochê experimental e noutras vertentes têxteis. Desde 2018 colabora com Vânia Rovisco juntando os Têxteis e a expressão corporal. Já expôs em Londres, Lisboa, Porto, Roménia, Nova Iorque, Jalisco (México), Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Mallorca e Menorca.

VÂNIA ROVISCO, artista visual performativa, concluiu a sua formação em 2000. Trabalha desde 2001 como intérprete tanto para coreógrafos e diretores nacionais (Vera Mantero; Útero) como internacionais (Meg Stuart; Pierre Coulibeuf), reconhecidos no mundo da Dança, Teatro e Cinema. Começou o seu percurso como formadora em 2003 lecionando em Portugal mas também fora. Desde de 2004 faz direção de movimento, essencialmente para teatro (João Brites, Marco Martins). Autora de várias performances, instalações, peças e projetos inovadores no espectro das artes performativas. Fez a curadoria dum programa performativo do Museu Arpad Szenes Vieira da Silva, como também um curso de formação da sua autoria para intérpretes do Fórum Dança PACAP3. É co-fundadora da plataforma artística Atual Arquitectura da Cultura AADK, existente em Portugal e Espanha. Há dois anos, colabora com Ana Salcedo, Zerowaste Lab, no Boom, a criar dinâmicas para instigar o coletivo. O seu projeto mais recente implica gerir um espaço, numa encruzilhada entre o campo e a cidade, 40 km a sul de Lisboa, que visa integrar várias disciplinas, meios e práticas não apenas artísticas.

A Roda e o Corpo Colectivo

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