“A Roda” é uma versão gigantificada do moinho de tricô ou moinho de tecelagem ou tear detricô redondo: objeto muitas vezes feito à mão, com um carrinho de linha de madeira e preguinhos, por exemplo, utilizado para fazer cordões tubulares de tricô. Em tempos, o moinho de tricô fazia parte da maioria das casas, como tantos outros acessórios para manufactura têxtil que, a partir da industrialização, começaram a desaparecer.
Os têxteis continuam a ser essenciais no nosso dia-a-dia - as roupas que vestimos, os lençóis, as mantas, as colchas e o colchão onde dormimos, o tapete, a toalha de mesa onde comemos, e a toalha de banho onde nos enxugamos, até os estofos do carro, e tendas, e sombras - mas a grande maioria já não são feitos à mão. A Mão que faz a ferramenta e que planta a planta de onde obtém a fibra para fazer o fio, que com a ferramenta faz o tecido, onde borda em cima, que depois costura para um objeto ser. Mão que das ovelhas cuida, e depois tosquia, e a lã trabalha, para com as ferramentas, em tricô fazer, talvez umas meias para os pés aquecer. Mãos que também remendam e reutilizam/reciclam, que honram o processo/a economia/o encontro circular - como a “Roda”.
Sentamo-nos à Roda como as nossas avós, bisavós, trisavós, tetravós, tataravós, presentes, juntas, tipicamente em praças, unidas por uma ação têxtil, em meditação ativa, mãos em constante criação, histórias partilhadas, tradições passadas. Propomos um resgate à mão, mãos em coletivo, tornamo-nos um organismo vivo, tecemos a linha da vida, a teia de Arachne, conectamos, conversamos, criamos juntes, nós, constelações. Da matéria que através de todes nós é gerada, infinitas possibilidades de criação/interação/brincar: vestimentas, túneis, fio para crochê gigante...