WonderLandi propõe um itinerário em que a música é o epicentro performativo. Composto por um elenco invulgar no meu percurso artístico (Vânia Fernandes e Luís Sousa ⎯ ambos representantes de Portugal na Eurovisão em 2008, Jonas ⎯ fadista e bailarino, e outros a definir), WonderLandi pretende utilizar o ritmo e a melodia como matriz coreográfica, capaz de estruturar e orquestrar corpos, objetos, textos, intenções e movimentos.
Este projeto é uma homenagem a este fenómeno misterioso que assombra humanos e animais: a música. Embora não haja consenso sobre se foi a música ou a linguagem que surgiu primeiro, é inegável que o curso da nossa civilização teria sido profundamente alterado sem o contributo inestimável deste património imaterial. Ao longo dos tempos, os poderes políticos, as instituições religiosas e os movimentos culturais e ideológicos têm explorado a música como um poderoso vetor de difusão de mensagens, de formação da opinião pública e de despertar emoções. Um exemplo emblemático é a Revolução dos Cravos em Portugal, em 1974, em que a emissão de duas canções na rádio catalisou uma revolta popular e militar, precipitando a queda da ditadura e inaugurando uma era de democracia no país.
Como cantou Madonna, “Music makes people come together”; mas a música também tem esse efeito agregador na natureza: fundamental para os rituais de acasalamento das aves, a comunicação entre as baleias, a memória dos elefantes, a coordenação das abelhas e a segurança dos primatas. A música é um grande império e a sua herança é o foco de WonderLandi, que se propõe analisar esta manifestação subjetiva imaterial capaz de nos hipnotizar, de ativar estados de espírito e de nos incitar à ação. O projeto pretende evocar o poder da música, a sua omnipresença na natureza, a sua relevância e a forma como é percebida e celebrada em diferentes partes do mundo ao longo da História. Um projeto sobre música através da música.