Só o corpo é capaz de saltar por cima da diferença conservando a diferença” ⎯ José Gil
Multiplicidade, Contraforça, Dupla Cidadania, Junção de Opostos, Incandescência, Encantamento, Símbolo: palavras que são, agora, quase mantras, noções que vêm pululando nos processos atravessados por Vera Mantero e seus convidados desde 2021, desde a peça O Susto é um Mundo, passando por Um pequeno exercício de composição (2023) e, mais recentemente, por __ chãocéu | (2024). Estes são trabalhos que criam fricções entre diferentes esferas e que nos colocam no limiar do inconsciente, permitindo-nos uma quase entrada no mundo dos sonhos. As figuras abstratas e os símbolos cruzam-se lado a lado com ações comuns do dia-a-dia, os corpos transmutam-se no cruzamento com os objetos e a palavra poética. É nestes cruzamentos e nestas contraforças que se ensaia a nossa capacidade de mudança, a tradução de uma energia destrutiva numa energia de abertura e despojamento.